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O Brasil que desejamos estaria muito distante do que temos. A classe dirigente do Brasil age como a nobreza francesa prerevolução século XVIII, ou seja, utiliza o Estado como instituição para alavancar fortuna privada. Essa elite dirigente confunde intencionalmente o público com o privado e estaria indiferente com a sorte e juízo da sociedade. A ousadia é tremenda que mesmo no mais recente caso de enriquecimento bilionário em curto período de tempo de agentes públicos e indiretos ligados ao Ministério de Transporte a gangue política não tem pejo para impor a exigência de seu crivo à escolha do novo Ministro à Presidenta do país. E muitos (os políticos do Congresso Nacional) consideram isso normal porque é assim que funcionaria o modelo de sustentação da “governabilidade”. Quebrar paradigmas, nem pensar. O Congresso como espaço para o debate livre de idéias vira balcão de negócios. A sociedade sabe que tem sido sempre assim, mas sempre choca fazer contato com essa persistente e dolorosa realidade. Pelo menos ainda não perdi a capacidade de me indignar.
O partido que sustenta, ou dono desse bilionário feudo Ministério de Transporte cobiçado por todos os agentes políticos, se chama “Partido da República”, mas não passaria de uma associação de cidadãos (bandidos!?) que se comportariam como abutres bicando as burras do Estado. E as estradas brasileiras continuam engrossando as estatísticas de mortes superiores às guerras do Iraque e Afeganistão juntos. E quando necessária a manutenção boa parte do dinheiro público obedeceria a vasos comunicantes para atender primeiro aos partidos políticos e empresas e depois as próprias estradas. E talvez não seja diferente nos outros ministérios. As instituições políticas do Brasil permitem e sustentam essas aberrações partidárias que servem aos mais diversos e escusos interesses. O Congresso faz leis para formar, facilitar, essa situação e o Tribunal Superior Eleitoral aplica, mas se cidadão não votar – o direito de votar não existe, pois é obrigação – tem multa, impedido de obter passaporte, etc...
Assim, basta de indignação com mais uma denuncia de espertos agentes públicos que se locupletam no exercício de cargos públicos. O Ministério Público e Policia Federal fazem algumas evoluções para a mídia, e até conseguem alguns expressivos resultados, mas ao final alguma coisa muda para tudo continuar do mesmo jeito. Se as instituições democráticas não conseguem evitar e punir parte da elite dirigente que não compreende o sentido do público e privado na administração da "coisa pública" a sociedade poderia (re)agir como à época das revoluções européias dos séculos XVII e XVIII que educaram as suas elites (nobreza de “sangue azul”) através da educação pela guilhotina e “paredon”. A partir dessa educação pela força a Europa escreveu uma nova história. O Brasil precisaria disso, pois essa esclerosa elite dirigente não mostra sinais de que poderia mudar por esforços próprios. Arrisco a fazer apologia ao afirmar que a Primavera Árabe seria benvinda.

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