Quanto Vale o Tratamento Térmico?

O tratamento térmico é uma das operações na cadeia de construção de peças, moldes e ferramentas que se não executado corretamente, em termos de manipulação dos parâmetros e tecnologia de controle e monitoramento de processo, o resultado final, medido em desempenho, comprometeria o melhor aço e os melhores recursos utilizados nas operações de construção. Portanto, a operação de tratamento térmico tem um relevante papel para o bom desempenho de uma peça, molde, ou ferramenta.
Essas breves considerações à guisa de introdução remete à pergunta provocativa deste texto: quanto valeria, ou custaria, a operação de tratamento térmico? Sob a ótica de quem realiza o tratamento térmico este deveria ser de valor equivalente ao aço e, ou, custos de usinagem. Para o fabricante da peça, ou molde, esse valor seria o menor possível. Respostas óbvias! De maneira geral, observa-se que o valor do tratamento térmico para moldes, matrizes e ferramentas representaria uma inexpressiva parte do valor de construção destes. Em alguns casos o custo do tratamento térmico não passa de 2% do custo total de um molde, mas cresce em importância de maneira gigantesca quando da utilização, podendo chegar ao valor total de construção do molde. E se o molde não corresponder à vida útil esperada, o vilão principal que surge é o tratamento térmico, jamais as condições de fabricação e, principalmente, utilização. E o ressarcimento solicitado, nesses casos, pode alcançar valor muito superior ao do tratamento térmico. Por que a recíproca não valeria, adiantando uma resposta possível?
Retomando a questão do valor, o construtor e usuário de uma matriz, por exemplo, geralmente, mobilizam recursos para pagar o menor preço possível no tratamento térmico, quando poderiam fazer isto para os aspectos construtivos deste (usinagem), ou o valor do aço. Estudar, reavaliar, uma rota de construção de um molde na usinagem poderia representar um valor superior ao que se pagaria para o tratamento térmico. Assim, não é o tratamento térmico o lugar da cadeia de construção que representaria significativa redução de custos. Apesar de ofertas limitadas de serviços de tratamentos térmicos no mercado, principalmente para as avançadas tecnologias como, por exemplo, têmpera a vácuo, os preços deste serviço são sistematicamente objeto de pressão na direção da redução. É a tendência do "custo menor possível", ou menor energia, sendo isto reação normal e compreensível. Entretanto, isso somente seria possivel se o tratamento térmico fosse uma operação passivel de se medir pela ferramenta "produtividade". Não é! E essa situação de busca do "custo menor possivel" ainda é corroborada pela ação corrosiva daqueles que fornecem aços e tratamentos térmicos, simultaneamente. Essa é uma realidade que poderia arranhar a boa ética e até legais, por que não? que em nada contribui para a valorização do tratamento térmico. E com razão o usuário se locupletaria com essa situação. E mais, não caberia comparações de preços com Europa e EUA, pois o Brasil tem estruturas de custos muito diferentes, como é sabido por todos.
Concluindo, o tratamento térmico precisa ser valorizado e o bom tratamento térmico deve ser muito bem pago.

Comentários

  1. Preliminarmente concordo com a importância da aplicação do adequado e controlado ciclo de tratamento térmico aplicado nas ferramentas e reforço que se não for bem conduzido prejudicará em muito o desempenho do ferramental em serviço.
    Soma-se a isto o projeto e execução do molde devendo evitar-se grande variações de de secões bem como evitar cantos vivos e risco profundos de usinagem que são potencias concentradores de tensões que podem causar trincas já durante o processo de tratamento térmico. Quanto as empresas que fornecem aço e tratamento térmico e até nitretação a plasma isto é uma prática legal e usual há muito tempo na Europa, pois cada vez mais as empresas que usam ou produzem ferramentas solicitam um pacote de soluções onde o aço é parte integrante e aqui não está sendo diferente.
    Abraços.
    Silvio Luiz Pierotti - Tool and Stainless Steel Consultant.

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  2. Silvio, grato pelos comentários.
    A "solução integrada" é utilizada por poucos na Europa e integrar um "pacote de soluções" não tem a dimensão que há para o Brasil. A Europa comporta vários "players" de aços tornando a concorrência saudável. No Brasil, a minha primeira e simples leitura, é que isto - "pacote de soluções" - seria frágil e esconderia oportunismo puro de quem deseja dominar o mercado que já é quase estado de monopólio para o fornecimento de aços-ferramenta. A aparente vantagem do usuário, momentaneamente, se derrete lá frente com a redução de mínima importância do "valor intrínseco" do tratamento térmico. O fornecedor de aço não teria a atividade de tratamento térmico como uma unidade "valorizada", apenas instrumento de alavancagem de sua marca de aço. O "valor" estaria em outras atividades da fabricação do aço que poderia ser tranferida para aquela e fazer sorrir o acionista no final do ano. Se essa deléterea ação corroer a concorrência (do tratamento térmico) o usuário será o maior prejudicado...no médio prazo, porque no longo todos estaremos mortos.
    É isso!

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  3. Srs. boa noite!

    Como consumidor e cliente de seus serviços, penso que não se trata do assunto inicial a prerrogativa de seus comentários a despeito das atividades exercidas por ambas empresas e/ou corporações, apesar de concordar em partes com suas declarações analisando ponto a ponto o assunto que também se faz relevar, ou seja, o fornecimento de um modo geral só é benéfico quando da satisfação do consumidor em muitos aspécto.

    Bem, de qualquer modo o tema desta "provocação" é, 'quanto vale o tratamento térmico?'; fazendo uma análise do descrito me faz crer que não se trata este assunto do valor monetário e sim da importância e relevância deste tão importante processo de beneficiamento do material. Acredito que o custo que se é pago deve ter associação com o custo de fabicação, ou seja, ponderar os custos produtivos + mark up e a partir daí a obtenção do preço de venda, o que nem sempre tem co-relação com o "valor(importância)" deste serviço. Defendo ainda que, como consumidor, o mais importante de tudo isto é, ter conciência de que um tratamento térmico, aço, projeto e execução (usinagem) do molde, deve ter a melhor qualidade possível e é claro que para isto as empresas devem ter constantes investimento em novas técnologias, processos e treinamentos para que sua qualidade seja assegurada sob qualquer suspeita, de modo que contudo, haverá o devido custo para tal empreitada. Como consumidor e fornecedor acredito no preço justo por cada tecnogia aplicada, mas isto não quer dizer que tenhamos que ter preços abusivos, pois todos dependemos uns dos outros para sobrevivência de nossos negócios.

    Conclusão, é preciso concientizarmos de que temos nossa própria realidade e precisamos entender que mercados mais desenvolvidos apenas nos servem de parametros para que possamos ser melhores que eles, pois afinal de contas, levaram séculos para obteram as técnologias que hoje utilizamos de modo globalizado, porém com uma grande diferença, temos a capacidade de transformar idéias Ortodoxas em criativas soluções eficazes e com baixo custo de alta competitividade global.

    Forte abraço a todos.

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