Necrológio para Irani

A retomada da discussão pelo endurecimento da lei em relação ao adolescente infrator causa espanto para como este assunto, vez ou outra, retorna ao debate. Reduzir a criminalidade e incrementar a educação deveria ser o foco, merda!! Mas não queria entrar nessa polêmica e sim registrar uma violência cometida há anos atrás (1995) contra uma colega de trabalho (Brasimet) quando escrevi um necrológio que encontrei num velho e amassado papel no meio de um livro neste sábado, 13, abril de 2013. Achei interessante reproduzir esse necrologio aqui porque ainda descreve uma realidade que só piorou desde então. O necrológio traduz uma visão de mundo à época contaminada pela ideologia socialista, inocente. Já não penso mais assim, mas vale a pena reproduzir o texto.
"Cara Amiga Irani
Como aceitar, explicar, a sua perda? O tempo, sabemos todos, é o melhor bálsamo para a dor que se transforma em indignação e vontade para uma efetiva mudança daquilo que motivou o seu solitário e doloroso martírio. Seu algoz, produto de uma sociedade perversa, individualista e injusta, covardemente, priva-nos de sua jovem convivência e mostra para todos os presentes a certeza de que a impunidade não deve crescer, ampliar, como mostra a realidade.
Seu mundo, Irani, desmoronou e o vazio que deixa deve ser ocupado com a disposição de todos para reverter o vetor da violência, em todos os níveis, de tal forma que  a sua tragédia não seja mais um dado a engrossar as estatísticas. Que o sentimento da impotência experimentado por todos nesse trágico momento seja substituído  pela  crença e vontade de luta através dos fios da solidariedade e comunhão humanas que, juntamente com outros centenas de seres, tecer o amanhã com a cara que queremos. Se não for assim, Irani, seria trair a sua memória, pois essa tragédia também é resultado do seu inconformismo, traço marcante da sua inquieta personalidade que reagiu impulsivamente à agressão. 
Alguém afirmou antes que a Pessoa nasce boa, mas a besta dorme em seu interior e somente o processo de construção da civilidade mediante educação, firmeza, sem vacilação, poderia impedir que esta desperte. Sua triste sina, Irani, deixa nu a fragilidade da sociedade que construímos  pois somos todos potenciais vítimas futuras se nada fizermos para mudar já. Trabalhar para construir uma vida melhor acreditando que sonhar o sonho impossível é a bússola para as nossas ações no mundo rea. Agindo assim cultivamos a sua memória, Irani, e de centenas de outros seres humanos vítimas dessa violência bestial. Viver, morrer, viver e morrer...tranformar! E sua tragédia não terá sido em vão!
Até lá, amiga"
 Então, o que fiz(emos) para mudar essa triste realidade?

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