Delações - a mudança possível

Graças à democratização da comunicação proporcionada pela tecnologia a população começou a conhecer o modus operandi do Estado brasileiro. A partir do momento que o Congresso aprovou as denominadas "delações" no ano de 2013 o Brasil toma conhecimento de forma estarrecedora dos meandros escuros da relação Estado-Privado atingindo, neste momento, abril de 2017, apenas os poderes Legislativo e Executivo, mas que ainda deve alcançar o Judiciário mais à frente. O  esgoto aberto e vazando da promiscua relação das elites dirigentes e os segmentos privados da economia tem um fedor que deve permanecer na atmosfera por muito tempo e não se teria ideia ainda como estancar. A elite dirigente sempre enxergou o Estado como instrumento de afirmação e expansão de interesses de poucos privilegiados e nunca movida pelo espírito republicano na condução dos negócios do Estado.
Todos os ex-presidentes, desde a redemocratização, afirmaram no poder se utilizando de expedientes nada republicanos, sendo de memória mais viva as denúncias de ilícitos por conta da privatização no governo FHC que não prosperaram e nisto o apelido "Engavetador Mor" estampado para o Procurador da República. Aliás, ainda no governo FHC uma das denúncias maiores teria sido a compra de votos para fazer aprovar no Congresso a PEC que aceitaria a reeleição.
E nesse momento, em meio a um mau cheiro quase insuportável, o Congresso discute a reforma Previdência sem participação ativa da sociedade. Os economistas do governo dizem que o deficit precisaria ser combatido para garantir o futuro da previdência e, para tanto, a sociedade civil, em especial, os trabalhadores do setor privado devem "apertar o cinto". Nada se diz do setor público que consome 500 bilhões de reais para atender a um (1) milhão de contribuintes, enquanto o setor privado consome 1,5 trilhão de reais para 33 milhões de brasileiros. Portanto, o problema estaria no setor público, mas a conta será espetada no setor privado que tem aposentadoria média de R$1600,00 contra R$28.000, média, do setor público. Isso é uma extravagante e injusta transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. É o perverso "Efeito São Matheus" em evidência. E ainda não se consideraria a tributação que exigiria uma urgente reforma.  No Brasil a tributação incide principalmente nos serviços, enquanto impostos mínimos na renda, dividendos, patrimônio e herança.
O Brasil está doente e a solução política ainda não se vislumbraria.


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