Viagem em moto até Bonito,MS

Descrição da viagem em moto Honda Schadow 750cc realizada entre as cidades de Campinas,SP, até a cidade de Bonito,MS, de distancia media de 1250 km, entre os dias 25 e 30/12/2010. Planejamento da aventura realizado com esmero, como recomendaria Amir Klink, afinal tem de produzir deleite e não “stress”. A viagem foi planejada para ser realizada em duas etapas: primeiro dia, depois de rodados em torno de 700 km, parada para descansar e dormir na cidade de Bataiporã,MS, e alcançar o destino final no segundo dia. A moto sofreu pequena alteração para um banco mais confortável, anatômico, principalmente para o carona, minha consorte, proteção de “carter”, espelho “bolha” (proteção frontal) e adicionado um baú de injetado em plástico para o transporte de roupas. Além disso, roupas especiais para a viagem: calça e jaqueta impermeáveis com proteção de cotovelos e ombros e botas. Para o carona se acrescentou uma “plataforma” para o descanso dos pés, conforto e segurança.
As rotas indicadas pelo “Google Maps” não seriam as melhores, sendo recomendável combinar as informações deste com quem já percorreu essas estradas. Para uma viagem em moto o óbvio seria privilegiar boas estradas, em termos de bom estado do leito carroçável, sem remendos e, principalmente sem buracos grandes e, ou, ondulações exageradas que possam causar instabilidade para a moto. Mas isso é difícil ser atendido, pois veículos pesados (caminhões) deformam o leito da estrada e produzem ondulações, “calombos”, que são horríveis para a estabilidade da moto, até mesmo de automóveis. E quando ocorre o serviço de manutenção do leito da estrada para cobrir buracos ou eliminar ondulações parece não haver a preocupação em realizar um bom serviço, pois essas áreas tanto podem apresentar depressões como elevações!?
A rota de ida apresentou maior percurso porque se queria conhecer a “reserva Morro do Diabo” e a Usina Primavera localizados no lado oeste do Estado de São Paulo, próximo à fronteira com o Estado do Mato Grosso. Essa experiência mostrou que o local não tem graça alguma, nenhum bom apelo, pelo menos que se saiba (eu). E não foi possível mesmo entrar nessa reserva florestal porque o “stress” causado com o péssimo estado da estrada (buracos e remendos mal realizados), ausência de informações e trechos de até 150 km sem infraestrutura, nem mesmo um posto gasolina, desmotivou e despertou a vontade em sair dela o mais breve possível. E assim foi até se alcançar a cidade de Bataiporã,MS, ainda em estrada da Usina Primavera até esta cidade com leito carroçável criminoso, homicida, devido a tantos e enormes buracos. Até para o deslocamento em bicicleta o risco seria grande.
Despertou atenção o fato das estradas apresentarem posto de policia rodoviário, mas sem funcionários, além de não apresentar locais para controle de peso dos veículos pesados. Durante toda a viagem – ida e volta –encontramos apenas dois policiais rodoviários na estrada. Para um deles pedimos informações para confirmação de direção e este – talvez por falta de treinamento e desconhecimento de conduta ética dessa instituição – se apresentou mal humorado e laconicamente confirmou a resposta para a pergunta formulada. A prestação de serviços públicos precisa melhorar muuuuito.... Em contrapartida, a cada parada em postos de gasolina se costurava a solidariedade, fraternidade e prontidão de anônimos brasileiros como caminhoneiros, motociclistas e funcionários. Que boa a sensação quando a conversa fluía prestativa e leve. E com essas informações a rota planejada para a ida sofria pequenas alterações conforme se desenvolvia.
De maneira geral, todas as estradas utilizadas na viagem de ida – BR 374, SP 380, SP 327, SP 270, SP 272, SP 613 – são pedagiadas e oscilam qualidade de regular a criminosa. Impressiona a “cara de pau” das concessionárias desse serviço público cobrar pedágio, inclusive de moto, e oferecer um serviço de péssima qualidade. E o maior desapontamento foi para a estrada de mão dupla utilizada na volta entre a Usina Jupiá até Bauru, a SP 300, que tem praças de pedágios a cada 35 km, aproximadamente, incluso cobrança de motos. Essa estrada tem leito em péssimo estado de conservação que, aliás, só piora desde a última vez utilizada, outubro de 2008. Essa situação motiva denuncia no Procon e Ministério Público para o ressarcimento do valor pago de pedágio apenas como exercício de cidadania e gesto simbólico. É de se perguntar o que faz o Estado? Provavelmente o Secretario de Transporte circula de avião e não de automóvel senão tomaria conhecimento dessa calamidade e abuso!?
No Estado do Mato Grosso, a estrada MS 134 tem o leito criminoso. As BRs 267 e 163 estão em processo de reforma e com trechos horríveis. A BR 267 a partir da cidade Rio Brilhante até Bonito,MS, tem o leito carroçável em perfeito estado, porém sem acostamento e sinalizações. Importante fazer abastecimento de combustível nos postos das principais cidades, pois entre estas há apenas soja, gado, árvores, pássaros e alguns poucos (poucos mesmo!) carros. E, vez, ou outra, vê-se bichos como tatu, tamanduá, raposa, pássaros e outros, atropeladas. Isso é um enorme problema para as motos, exigindo atenção total, pois se chocar a 130 km com um bicho destes pode provocar um grave acidente. Felizmente, nessa viagem, para a nossa sorte apenas dois pássaros abalroados. Lamentamos a sorte desses pássaros. Valeria a pena informar que os bichos, quase 100%, são atropelados à noite, começo, ou ao final do dia. Portanto, para viajar em moto se deveria evitar a viagem à noite e no finalzinho da tarde, pois neste período os animais começam a se movimentar de suas tocas em busca de alimentos.
Na viagem de volta, motociclistas sugeriram utilizar as BRs 060 e 262 até Três Lagoas,MS, fronteira com o Estado de São Paulo. Realmente, uma feliz escolha, pois o leito dessas estradas está ótimo, provavelmente por conta do escoamento da produção de soja, porém sem acostamento conforme norma mínima de segurança. E não tem cobrança de pedágio. E é uma beleza particular a vista da longa extensão de planície matogrossense.
No tocante ao desenvolvimento da viagem em moto nas estradas, principalmente, no Estado de Mato Grosso, causou espanto quando o primeiro veículo – “carrão” Honda, tipo Honda Fit, maior, importado – nos ultrapassou de uma maneira ousada e perigosa. Como nessa estrada, vez ou outra, aparecia defeitos, a moto precisava escolher o melhor local que tanto poderia ser o lado esquerdo, meio, ou direito da pista. E numa destas escolhas à direita um “Hondão” preto, provavelmente a 160 km/hora, não teve duvida em ultrapassar a moto quando cruzávamos com um Mille Fiat. Obviamente que além do risco extremo um estupendo susto. Isso motivou descarregar a “energia negativa” com gestos e palavras de baixo calão em direção ao motorista desse “carrão”. E se encontrasse esse carro parado em algum posto de gasolina à frente tiraria satisfações com o condutor, além de registrar a chapa do carro para formular uma denuncia ao órgão de transito. A partir desse evento quase desastroso a atenção foi redobrada com os “carrões” que circulam sempre em velocidades acima de 130 km/h, mas ainda teríamos mais uma surpresa com os carros em sentido contrário na estrada. Na ultrapassagem, esses veículos de grande potencia não hesitam em fazer esta manobra mesmo percebendo que há outro veiculo próximo em direção oposta. A ousadia é estupenda e ultrapassa os limites do bom senso, sendo mesmo uma atitude homicida. A primeira experiência que tivemos exigiu colocar a moto bem junto a lateral da estrada que não tem acostamento e torcer pelo melhor resultado. Nesse caso, o “carrão”, em direção oposta passou deslocando ar com violência e a poucos centímetros da moto. Essa estressante experiência motivou utilizar um recurso de ação preventiva que consistia da emissão de sinais luminosos de alerta (piscando o farol) quando se avistava dois, ou mais, carros em direção contrária sugerindo “perigo à frente”, ou controle de velocidade (radar). Essa técnica deu certa, pois os intrépidos, açodados e “fdp” motoristas abortavam as ultrapassagens e aguardavam a passagem da moto.
Durante toda a viagem de ida o tempo contribuiu com pouca chuva, não chegando a incomodar, pelo contrário, até benvinda quando surgia devido a boa sensação de alivio do calor. A jaqueta impermeável impedia que o corpo (tronco) se molhasse, sendo que a calça quando realmente molhava secava depois de alguns kilometros percorridos. Somente na volta pegamos chuva “mais pesada”, com vento, situação perigosa, no Estado de Mato Grosso, com água alcançando a bolsa escrotal, porém também de curta duração. Enfim, uma viagem boa, tranqüila, sem atropelos.
Alcançamos Bonito,MS, logo depois do almoço (14H00) no segundo dia, 26. Uma chegada agradável, pois com uma pequena e breve chuva que logo deu lugar a um sol forte e céu claro. Atravessa-se o famoso rio Formoso para entrar na cidade. Nesse local há o “Balneário Municipal”, muito bem organizado, excelente infraetrutura, que permite entrar no rio Formoso para nadar (acesso em degraus de pedra bem construídas) junto com cardumes de grandes peixes como “corimbas. dourados, piraputangas, etc...Isso não é estória de pescador, é vero mesmo!
Bonito, a capital do ecoturismo do Brasil, é bonito mesmo. Cidade de 19000 habitantes, segundo IBGE, censo 2010. Vale a pena a viagem em carro, moto, ônibus, avião (1 vez por semana, Trip e Tam) e curtir os vários passeios que são disponibilizados nas fazendas (privadas). Os passeios devem ser planejados nas agencias de turismo da cidade (há várias) e não são baratos. Deve-se preparar o “bolso”. O único passeio não realizado em área privada é o da Gruta Lago Azul na Serra da Bodoquena (área tombada). A rede hoteleira é grande e de boa qualidade, mas em períodos de festas – Natal, Ano Novo, Carnaval, por exemplo – se devem fazer reservas com bastante antecedência, assim como os passeios. No nosso caso, fizemos as reservas e planejamentos dos passeios com 20 dias de antecedência, sendo isto mais fácil porque não se pretendia passar o Ano Novo na cidade, caso contrário não se teria conseguido porque tudo já lotado nesse período desde novembro. Com relação aos passeios realizados – Gruta Lago Azul, Flutuação no rio Sucuri e Bike Lobo Guará – todos surpreendentes bons, bonitos, e muito bem organizados. Surpreende o alto nível da organização dos passeios. É alto o “astral” da cidade e dá prazer estar lá. As ofertas de restaurantes são boas e não se poderia deixar de recomendar o Restaurante do João para comer uma “Traíra Vestida” sem espinho. Deliciosa!
Finalizando, recomendamos visitar os sítios das agencias de turismo na internet para conhecer detalhes dos passeios e serviços.
É isso!

Comentários

  1. Olá João, tudo bem?
    Interessante e divertida sua narrativa.Proporcionou-me gostosa leitura! Agora, tem que realmente gostar de ficar horas e horas com o traseiro em cima de uma moto. Ok, ok, de uma Honda Schadow 750cc gentilmente adereçada por você.
    Sabe, fico imaginando a que conclusão chegaria o neurocientista japonês em relação à sua aventura sobre duas rodas. Sim, porque o estudo dele foi realizado no Japão, país onde o leito de rodagem pode ser comparado ao leito da suite presidencial do "The Palm Dubai". Ele tinha que vir fazer essa experiência aqui no Brasil.
    Solidariamente a você, porque euzinha jamais participaria de uma aventura tão corriqueira como a sua e da sua esposa, fico imaginando a quantas não foi o seu desenvolvimento cognitivo. Sem falar no quanto vocês rejuveneceram, simmmm, graças ao Hondão negro que não mandou vocês desta para pior ou melhor, who knows?
    De qualquer forma PARABÉNS!!! (boto fé!!!)
    Beijo
    Ellen

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  2. Ellen, sem dúvida há ônus e bônus na viagem em moto. O limite estaria da ordem de 700 km de estrada. Depois disso é parar e descansar.
    A próxima aventura está sendo planejada para Argentina (Bariloche) e Chile no fim de 2011 (dezembro). Nesse caso, vou trocar para uma moto mais adequada a terrenos inóspitos.
    É isso!
    Saúde!

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