Toninho e as Torres Gêmeas
11 de setembro de 2001, marco zero para início do século XXI. Um programa de TV pergunta “Onde você estava nesse dia?” Eu respondo à essa pergunta com diferentes respostas. Exatamente um ano antes, no dia 10 de setembro de 2000, estava em Nova York, Manhattan, visitando esta cidade que ainda não conhecia. Nunca tive interesse em visitar os EUA, mas Nova York despertava curiosidade em razão do tamanho da cidade e de tantas manifestações culturais que a cidade propaga pelo mundo. Assim, aproveitando o retorno de uma viagem que realizava ao Canadá, Montreal, por ocasião de projeto que desenvolvia como pesquisador CNPq investi recursos próprios e programei uma parada de três dias para conhecer Nova York quando retornava para o Brasil. Minhas melhores expectativas corresponderam imediatamente com essa cosmopolita cidade no momento em que descia no aeroporto de Newark que está para Nova York como Cumbica-Guarulhos está para São Paulo. A primeira imagem que paralisou meus olhos foram as duas torres gêmeas do WTC quando fazia uma visada de 360º do lugar em que estava. Uauu, “my lord”, que obra monumental? As torres gêmeas se destacavam majestosas em meio a uma profusão de edifícios também gigantescos da área de Manhattan. E logo depois de me instalar num hotel próximo da quinta avenida fiz uma longa caminhada até o sul de Manhattan para ver as torres de perto. Num primeiro momento queria subir até o topo, mas rapidamente lembrei que não seria uma boa idéia em razão do atávico medo por altura e elevadores. Desisti facilmente. Essa foi a minha breve experiência com esse monumento da engenharia exatamente um ano antes da trágica queda, setembro, 11, de 2001.
Um ano depois, no dia 11 de setembro, às 08H30´, exatamente seis minutos antes de o primeiro avião atingir a primeira torre do WTC, estava na Praça dos Jequitibás, Campinas,SP onde era velado o corpo do prefeito “Toninho”, PT, assassinado na noite anterior. Até aquele momento a morte de Toninho ocupava o noticiário nacional e causava comoção e tensão geral com especulações de toda ordem. E seis minutos depois todo o foco desse velório desviado para a primeira notícia da torre WTC atingida. Imediatamente a massa presente nesse velório procurou as TVs de bares e estabelecimentos comerciais próximos e conforme as notícias surgiam para eventos de outros aviões se chocando contra outros alvos com imagens precedidas da chamada “USA under attack” a reação de todos era de incredibilidade. Não parecia crível. Como isso poderia estar acontecendo? Seria guerra nuclear? Mas qual país estaria atacando? Mas rapidamente as especulações foram respondidas com as primeiras informações veiculadas de que se tratava de atos isolados cometidos por terroristas islâmicos. E tudo isso muito rápido, antes do segundo avião que quando visto no horizonte na direção das torres gêmeas a massa de pessoas apontava o dedo para a imagem na TV dizendo: “olha lá, um segundo avião, ohhhhh”. E pronto, o espetáculo trágico a cores de alcance global da segunda torre sendo atingida colocou em segundo plano o velório de Toninho. A partir desse momento o mundo se tornou pior, Toninho esquecido e abandonado pelos próprios companheiros que mostraram desinteresse suspeito em buscar as razões e respostas desse assassinato. Aliás, a partir desse assassinato e de outro companheiro Celso Daniel, também em circunstancias suspeitas e nunca bem explicadas, o PT jogou a sua história na lata de lixo e ficou igualzinho a todos os outros partidos, só que pior porque não teria o “background” destes.
Esse relato acima responderia à questão “onde você estava no dia 11 de setembro?”. Essa mesma questão também poderia ser formulada para outubro de 1989, queda do Muro de Berlim, evento emblemático para a história, em termos de afirmação do capitalismo e afirmação do neoliberalismo com trágicos resultados para as econômicas de vários países. E nesse caso estava lá, bem próximo em visita a uma pequena cidade poucos quilômetros de Koln (Colônia), Alemanha, testemunhando a história de tensão e movimentos sociais que resultaram na queda do Muro de Berlim. E por que me lembrei disso? Porque até 1989 o mundo inteiro vivia em estado de tensão, com a espada de Damôcles sobre o pescoço, em razão do risco iminente de destruição do planeta com as centenas de armas atômicas que a tensão Leste-Oeste e embate ideológico Capitalismo versus Comunismo sustentavam. Pouco antes dessa estadia na Alemanha tinha visitado um amigo na Suiça, Freiburg, e este mostrou o abrigo antiguerra nuclear que dispunha na casa da família. Abrigo de paredes de um metro de concreto, 10 m abaixo do piso e reserva de comida e água suficientes para um mês. Uma loucura!
A partir da queda das torres gêmeas substituímos o medo pela hecatombe nuclear pela da “guerra ao terror” e outros temores. A partir disso cresceu a intensa e histérica (e de farsa) propaganda americana de “mundo inseguro” que justificava rasgar direitos civis e criar guerras onde entendesse fosse o caso para combater o terrorismo e “levar a liberdade”. A desproporcional reação americana à queda das torres gêmeas nucleou duas guerras estúpidas e suspeitas, em termos de interesses sob a ótica de petróleo e negócios, que causou milhares de mortes (estimadas em quase 200 mil) e tornou o mundo muito pior. Guerras que ainda não acabaram e sem perspectivas de como e quando terminariam. Viajar de avião seja no Brasil ou para o exterior é experiência deprimente e até humilhante em alguns casos. Agora não temos apenas o risco de o planeta acabar numa hecatombe nuclear, mas acrescentaram-se os riscos destas bombas caírem em mãos terroristas, degradação ambiental, aquecimento e fome global e insegurança.
Por enquanto, estou aí, insistindo em fazer história acreditando também que um mundo melhor é possível. E torcendo para um dia o assassinato de Toninho seja esclarecido. Que é isso, ou, não é mesmo companheiro?
Um ano depois, no dia 11 de setembro, às 08H30´, exatamente seis minutos antes de o primeiro avião atingir a primeira torre do WTC, estava na Praça dos Jequitibás, Campinas,SP onde era velado o corpo do prefeito “Toninho”, PT, assassinado na noite anterior. Até aquele momento a morte de Toninho ocupava o noticiário nacional e causava comoção e tensão geral com especulações de toda ordem. E seis minutos depois todo o foco desse velório desviado para a primeira notícia da torre WTC atingida. Imediatamente a massa presente nesse velório procurou as TVs de bares e estabelecimentos comerciais próximos e conforme as notícias surgiam para eventos de outros aviões se chocando contra outros alvos com imagens precedidas da chamada “USA under attack” a reação de todos era de incredibilidade. Não parecia crível. Como isso poderia estar acontecendo? Seria guerra nuclear? Mas qual país estaria atacando? Mas rapidamente as especulações foram respondidas com as primeiras informações veiculadas de que se tratava de atos isolados cometidos por terroristas islâmicos. E tudo isso muito rápido, antes do segundo avião que quando visto no horizonte na direção das torres gêmeas a massa de pessoas apontava o dedo para a imagem na TV dizendo: “olha lá, um segundo avião, ohhhhh”. E pronto, o espetáculo trágico a cores de alcance global da segunda torre sendo atingida colocou em segundo plano o velório de Toninho. A partir desse momento o mundo se tornou pior, Toninho esquecido e abandonado pelos próprios companheiros que mostraram desinteresse suspeito em buscar as razões e respostas desse assassinato. Aliás, a partir desse assassinato e de outro companheiro Celso Daniel, também em circunstancias suspeitas e nunca bem explicadas, o PT jogou a sua história na lata de lixo e ficou igualzinho a todos os outros partidos, só que pior porque não teria o “background” destes.
Esse relato acima responderia à questão “onde você estava no dia 11 de setembro?”. Essa mesma questão também poderia ser formulada para outubro de 1989, queda do Muro de Berlim, evento emblemático para a história, em termos de afirmação do capitalismo e afirmação do neoliberalismo com trágicos resultados para as econômicas de vários países. E nesse caso estava lá, bem próximo em visita a uma pequena cidade poucos quilômetros de Koln (Colônia), Alemanha, testemunhando a história de tensão e movimentos sociais que resultaram na queda do Muro de Berlim. E por que me lembrei disso? Porque até 1989 o mundo inteiro vivia em estado de tensão, com a espada de Damôcles sobre o pescoço, em razão do risco iminente de destruição do planeta com as centenas de armas atômicas que a tensão Leste-Oeste e embate ideológico Capitalismo versus Comunismo sustentavam. Pouco antes dessa estadia na Alemanha tinha visitado um amigo na Suiça, Freiburg, e este mostrou o abrigo antiguerra nuclear que dispunha na casa da família. Abrigo de paredes de um metro de concreto, 10 m abaixo do piso e reserva de comida e água suficientes para um mês. Uma loucura!
A partir da queda das torres gêmeas substituímos o medo pela hecatombe nuclear pela da “guerra ao terror” e outros temores. A partir disso cresceu a intensa e histérica (e de farsa) propaganda americana de “mundo inseguro” que justificava rasgar direitos civis e criar guerras onde entendesse fosse o caso para combater o terrorismo e “levar a liberdade”. A desproporcional reação americana à queda das torres gêmeas nucleou duas guerras estúpidas e suspeitas, em termos de interesses sob a ótica de petróleo e negócios, que causou milhares de mortes (estimadas em quase 200 mil) e tornou o mundo muito pior. Guerras que ainda não acabaram e sem perspectivas de como e quando terminariam. Viajar de avião seja no Brasil ou para o exterior é experiência deprimente e até humilhante em alguns casos. Agora não temos apenas o risco de o planeta acabar numa hecatombe nuclear, mas acrescentaram-se os riscos destas bombas caírem em mãos terroristas, degradação ambiental, aquecimento e fome global e insegurança.
Por enquanto, estou aí, insistindo em fazer história acreditando também que um mundo melhor é possível. E torcendo para um dia o assassinato de Toninho seja esclarecido. Que é isso, ou, não é mesmo companheiro?
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