Dr.Sócrates: "Cidadão-Atleta"

Dr.Sócrates, um brasileiro impar que encantou no esporte pelo futebol limpo, seco, técnica elegante, leve e sútil. Como cidadão e atleta inovou ao ousar remar “contra a corrente” em tempos denominados “de chumbo”. Quando implanta a democracia no contexto de atletas atuando num clube de futebol de grande aceitação nacional, além de percebido como atleta e craque, também passaria a ser visto como cidadão atrevido, democrata, inteligente e interessante. A democracia que os militares resistiam em consistir ao povo brasileiro naquele momento era quebrada, em inegável atitude de confronto, revolucionária, com a implantação e exercício da “democracia corintiana”. Essa atitude mostrou resultados práticos com a conquista de vários títulos e alertava a reprimida sociedade civil que as “liberdades democráticas” não seriam concessão de militares, mas resultado de conquista pela mobilização. A partir disso, a sociedade civil deu início a campanha pela anistia e diretas já.
O emblemático gesto de Sócrates com o braço levantado e punhos cerrados na comemoração de um gol que denotava afirmação da “democracia corintiana” foi lembrado no jogo de Corinthians e Palmeiras, domingo, 4, dezembro, 2011. Infelizmente, os jogadores do Palmeiras não reproduziram esse gesto em demonstração de solidariedade e carinho por esse ilustre brasileiro, personalidade cara à história recente do Brasil. Perdeu-se a oportunidade de estar acima da competição.
Sócrates, ambos, o filósofo e o atleta-cidadão, brilhantes, viveram e celebraram intensamente a vida e fizeram história. Felizmente fui testemunha dessa história do Sócrates “atleta-cidadão”.
Em tempo: a priori, torço para o Palmeiras.