Uma Professora "porreta"

Como renova as esperanças de uma Primavera Árabe no Brasil quando se toma conhecimento de uma brasileira “porreta” como essa Professora de Rio Grande do Norte que fez um discurso sobre a Educação na Assembléia Legislativo deste Estado. Veja vídeo no endereço < http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=380075&ch=n >. É um discurso não panfletário, sem conteúdo ideológico, ou partidário, seco, direto e “na veia”. Ela põe o “dedo na ferida sem pena e escancara a hipocrisia das elites dirigentes do Brasil que sempre reconhecem a Educação como fundamental alavanca para melhorar posição do Brasil no mercado global, para ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, tornar-se um “player” global de peso e crescer economicamente. Essa visão de mercado é míope, pois Educação deve agir na direção de resgate da Pessoa à barbárie para fazer Cidadão de Direitos e Deveres.
Não existe projeto de Estado para a Educação. Existem apenas políticas públicas de pequeno alcance, sem substancia, que cada governo desenvolve sem o compromisso das elites econômicas em abraçar essa nobre causa. O descalabro é tão grande que, vez ou outra, tem-se notícias de políticos que desviam verbas públicas de merenda escolar, forjam licitações para desviar estes recursos para grupos, ou outros projetos. Poderia ser considerado crime hediondo! E a sociedade se mantém indiferente, anestesiada, pois vê a escola como lugar para deixar os filhos enquanto trabalham, e não como espaço para educar, formar.
Todos os políticos desse país colocam em suas plataformas de candidatos a “Educação” e “Saúde” como prioridades, mas na realidade a maioria esquece rapidamente desta disposição e alguns até se locupletam. Colocar nas mãos de Professores, profissão de elevada nobreza, mal pagos e sem adequada infraestrutura a responsabilidade pelo resgate e redenção do “Brasil do Futuro” é contraproducente, ineficaz e covarde, como reconhece a própria Professora no discurso na Assembléia RGN. Ela rejeita esse papel e pede para afastar “esse cálice”.
A questão da Educação no Brasil – qualidade, conteúdo, proposição – dominava a discussão durante todo o meu período de formação em Engenharia e o contato com a obra de um brasileiro gigante, magnífico, que pela primeira vez “pensava” o Brasil com um verdadeiro projeto para a Educação: Paulo Freire. Esse brasileiro, com breve passagem como Ministro da Educação governo João Goulart desenvolveu projeto de alfabetizacão de estupendo sucesso no nordeste do Brasil, replicado em vários países da América Latina e África, reconhecido pela Unesco, porém expulso do Brasil em 1965 pelos militares com o carimbo de “ignorante”, pois estes interpretavam (ou interpretam?) o Brasil como um grande quartel onde é proibido pensar por si próprio. Quanto atraso e energias dispersas! O resultado é o que todos constatamos: estado precário da Educação.
E aí, Brasil, o que você quer ser? Sem Educação não se conseguirá sequer formular um projeto do que deseja!!!

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